AS VIRTUDES DE UM VERDADEIRO LÍDER
Josué filho de Num, o efraimita antes de ter esse nome se chamava Oséas, que significa salvo. Seu nome quer dizer YAHWEH é salvação. Ao chamá-lo de Josué podemos concluir que Moises discerniu o propósito de Deus em sua vida. A partir daí estava sendo forjado o caráter de um bravo líder. Um líder não surge subitamente da noite para o dia, mas o tempo de liderança aparece repentinamente e quando isso acontece, surgira um líder que durante algum tempo se preparou.
Para que seja um verdadeiro líder é preciso que o mesmo tenha passado por um período de aprendizagem e constante preparo. Isso é o que se verifica na vida de Josué, que sem duvida é uma das maiores figuras veterotestamentarias no que diz respeito à liderança nas Sagradas Escrituras.
Observando a vida de Josué, constatamos qualidades apuradas de sua personalidade e seu caráter. Isso nos faz perceber quais são as virtudes que um líder deve possuir:
Obediência (Êxodo 7.8-16) – Obedecer significa submeter-se a ordenanças; submeter-se é tornar-se servo; o servo existe para servir e não para ser servido. Em Romanos 13.1, afirma-nos a bíblia Sagrada que toda ordenança é instituída por Deus, logo compreendemos que exercitar a obediência é submeter-se ao próprio Deus e é exatamente isso que caracteriza a vida de Josué. Em Êxodo 17.9 esta escrito – Com isso ordenou Moises a Josué: - Escolhe-nos homens e sai, e peleja contra Amaleque; (...). Josué obedecendo foi servir a todo Israel liderando os homens contra os nômades e mercenários amalequitas.
Neste episódio o maior servo entre todos os israelitas foi Josué. Não existe liderança sem que o líder compreenda que ele entre todos os liderados é o maior servo. Muitas pessoas se encontram confusas no momento da liderança porque ainda não compreenderam que ser líder é ser servo de todos. Segundo o evangelho de João 13.15 – Porque Eu vos dei o exemplo, para que como eu vos fiz, façais-vos também. Jesus é o maior de todos os lideres. O Senhor dos senhores servis a todos os seus servos e Ele mesmo concluiu: - Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes; João 13.17. Segundo o ensinamento de Jesus, um líder só será bem sucedido se compreender que ele é um servo de todos. Esses ensinamentos de Jesus , observem, foram direcionados apenas aos apóstolos; e quem foram os apóstolos! – Foram os lideres escolhidos para servirem aos santos, a igreja. Um dos ensinamentos mais claros é este: Jesus ensinou que o verdadeiro líder deve servir.
A pergunta que permearia a mente de muitos seria esta: como pode alguém liderar sendo servo! Parece-nos paradoxal. Esse conceito vai de encontro ao senso comum da nossa compreensão quando entendemos esse ensinamento do supremo Mestre.
Concordamos que o Senhor dos senhores, Jesus Cristo, mesmo sendo o maior Senhor, foi também o maior de todos os servos. Ele é o Senhor que serviu.
Em Filipenses 2.6-11, temos que: Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, (...) se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; (...) a si mesmo se humilhou, (...) pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que esta acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para gloria de Deus pai. Aqui esta a prova cabal e conclusiva que, para ser líder, é necessário tornar-se servo e sendo servo você não estará deixando de ser Senhor.
Jesus Mesmo servindo, nunca deixou de ser Deus. Deus é Deus, pode fazer o que lhe aprouver sem deixar de ser o que é, e sempre foi e sempre será; Senhor! A principio o que acabamos de discorrer vai chocar-se aos sistemas e pressupostos que se impõem como incontestáveis em nosso pensamento devido ao paradigma preestabelecido. Entretanto, é simples explicação: quanto mais submissão, mais autoridade. Se alguém aprende a obedecer, este também poderá ser obedecido; se alguém sabe submeter-se, poderá também ensinar a submissão; se alguém um dia foi um bom liderado saberá ser um bom líder. Um bom líder começa como um bom liderado; só poderá ser senhor aquele que sabe o que é ser um bom servo.
Certa feita um dedicado aluno de medicina fez de tudo para conseguir ter aulas com o melhor professor da cidade onde morava. Depois de muitos esforços, conseguiu. Passado algum tempo, em determinado dia, numa conversa extracurricular, bem informal e descontraída, o rapaz disse ao professor:
- Mestre, diga-me, como farei para ser assim como o senhor, tão excelente professor!
O professor depois de alguns segundos de silencio limpou a garganta e respondeu-lhe dizendo:
- Simples filho! Seja bom aluno e será bom professor! E quando estiveres lecionando não deixes jamais de ser aluno, ou seja, enquanto se ensina deves estar sempre pronto a aprender.
Se fizermos uma analogia ou um paralelismo convergiremos, conclusivamente que enquanto se é nunca se pode deixar de ser aquilo que sempre se foi.
Josué teve sucesso em sua primeira tarefa no exercício da liderança porque liderava, exercia plena submissão a Moises e principalmente ao povo, quanto mais a Deus.
Obediência incondicional – Êxodo 7.8-13; A obediência é muito simples quando nos é conveniente, vantajosa, favorável e elevatória. Quando obedecer traz-nos facilidades e possibilidades para conseguirmos o que queremos é fácil, entretanto precisamos convir que a obediência deva ser incondicional.
Existem pessoas, na maioria delas, que ao receberem determinações, começam a fazer muitas imposições, estabelecem, determinam, argumentam etc. Isso na verdade, caracteriza e evidencia a insubordinação, a insubmissão, ate porque uma das definições para o termo imposição é: enganar com boas maneiras, ou seja, desvirtuar atenção alheia, sem que perceba para não ter que nela se enquadrar ou dela participar.
Impor é determinar a si mesmo, obedecer impondo não é obedecer. Quem impõe para obedecer torna-se senhor de si mesmo. Quem obedece com base nas suas próprias imposições manda em si mesmo.
Deus não nos chamou para sermos senhores de nossas próprias vidas.
Deus nos chamou a obediência, e sendo assim, devemos obedecer. Se temos que fazê-lo, façamos, obedeçamos incondicionalmente.
Em Êxodo 17.9-13; Moises disse a Josué: - (...) Vai e peleja contra os amalaquitas; (...) Arão e Hur estarão comigo no cume do outeiro (...). Josué poderia impor condições dizendo: - Seria melhor se eu fosse contigo, Moises. Ou então: - Moises porque você não manda Hur! Ou ainda: - Eu só vou à peleja se Arão for comigo!
Ou ate mesmo: - Moises desculpe-me, mas Deus não me disse nada! Isso seria uma obediência condicionada a própria vontade de Josué, porem ele não impôs condições. Não estabeleceu, nem determinou coisa alguma e simplesmente obedeceu. Assim como Josué devemos obedecer também incondicionalmente. Ai está revelado quesitos imprescindíveis na vida de um líder: OUVIR E OBEDECER. Quem hoje lidera questionando a Deus as ordens supremas esta fadado ao fracasso. Ouça, obedeça sem questionar. Deus sabe o que faz.
Certa vez, conversando com um amigo, ele me fez a seguinte observação: - Josué correu um risco muito grande ao obedecer a Moises; inclusive poderia perder a sua própria vida! Então o respondi: - Verdade, porem Josué confiava no seu líder.
Todos quantos querem ser lideres de confiança devem aprender a confiar. Como pode alguém conquistar a confiança dos seus liderados se não aprendeu a confiar num líder! Como poderia ensinar o que não aprendeu!
Autoconfiança, a marca do líder verdadeiro – Êxodo 17.8-16; Quando falo de autoconfiança, não falo de auto-suficiência. Existe uma deturpação entre autoconfiança e auto-suficiência nas mentes e nas ações de muitos. A auto-suficiência leva o homem a achar-se capaz de por si só resolver, fazer, determinar, realizar etc.
A auto-suficiência leva-nos a uma sensação de independência e quando somos tomados por este ilusório sentimento que se aflora em ações inconseqüentes, estamos já perto, muito perto, do iminente fracasso.
O líder por mais preparado que possa ser, por mais experimentado que seja, deve sempre compreender que isso não é o suficiente. Precisamos de mais, precisamos de Deus, o Todo Poderoso, sempre. Torna-se necessário, então, termos cuidado para não incorrermos no errôneo caminho da auto-suficiência.
Entretanto, temos que possuir, sim, a autoconfiança, ou seja, precisamos confiar em nos mesmos, pois se o líder não confiar em si mesmo, como conquistara a confiança dos seus liderados! Confiar em si mesmo não significa não confiar em outros, não significa confiar em si só. Autoconfiança não é unilateralizar.
Confiança no líder é necessário no sentido mais amplo da palavra. O líder confia em si mesmo, confia nos liderados e confia, antes de tudo, em Deus. Confiabilidade é indispensável.
Quem não confia em si mesmo não confia em ninguém, porque nunca confiou em alguém.
Josué, ao receber as ordens de Moises, confiou em Moises, no Deus de Moises, em si próprio e nos homens que foram por ele liderados na batalha em Refidim, o campo de sangue.
Se faltasse a Josué um desses pontos ou focos de confiança ele teria fracassado. Por isso, em demonstração de reciprocidade na confiabilidade de Josué, todo o Israel se empenhou e infalivelmente, a vitória veio.
Indubitavelmente, o que determinara a amplitude do nosso exercício de liderança são os progressos angariados no percurso dos nossos relacionamentos, pois a confiança proporciona solidez em todos os seguimentos de convivência e relacionamentos e tudo se iniciará com a indispensável autoconfiança que exercida por um líder, desencadeara um efeito positivo e progresso sempre. Que estejamos atentos a isso, sempre!
Destemor – Não abra mão disso – Josué 6.1-21; Um líder deve ser destemido assim como Josué. Ele tinha motivos variados para temer, pois rodear a cidade de Jericó, era sem duvida nenhuma, uma temeridade. Qualquer estrategista não faria isso jamais.
Jericó era uma cidade muito fortificada com muralhas humanamente intransponíveis. Nos dias de Josué haviam duas muralhas; a distancia de uma para a outra era de 5 metros, a muralha externa tinha 2 metros de espessura e 10 metros de altura. As duas muralhas eram interligadas por meio de casas construídas de traves na parte superior, como por exemplo, a casa de Raabe, e isso fortaleciam e firmavam ainda mais as muralhas.
Na muralha externa havia torres com atalaias armadurados e atentos.
Na muralha interna haviam carros de ferro prontos para, a qualquer momento, combater. Devemos considerar que o ferro não era usado ainda pela maior parte do mundo, muito menos pelos israelitas, ou seja, os guerreiros de Jericó estavam à frente do seu tempo.
Em caso de adversidade mórbida externa ou interna, ou ate mesmo estrategicamente, militarmente falando, poderiam fechar-se os portões e Jericó subsistiria por pelo menos 18 meses, aproximadamente, sem precisar de nada de fora.
Portanto, do que adiantaria sitiar Jericó, como fez Josué! Alem do mais, de uma das muralhas os soldados de Jericó poderiam ferir os israelitas.
Entretanto, Josué não temeu e sim cumpriu determinadamente, a ordem do maior de todos os estrategistas, o Senhor dos Exércitos, nosso Deus.
Deus deu ordem e Josué, cabalmente, a executou – Josué 6.1-5 – É fácil observarmos o temor tomando conta dos lideres hodiernos. Muitos estão por conta do medo, estagnados, e por isso sofrem punições.
A Bíblia Sagrada adverte-nos acerca disso em - Mateus 10.28 – Diz a Bíblia: Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
Destemor é aversão ao medo; é antagônica a covardia. Destemor é calcular o risco e corrê-lo.
Certa feita disse Alexandre o Grande, numa reunião de cúpula, em uma noite fria, antes de uma grande batalha: - O homem destemido corre a luta mesmo sabendo que as flechas do inimigo estão apontadas para o seu coração. Eu quero destemido ao meu lado, porque os destemidos sabem que o escudo, a espada e a couraça os farão passar ilesos pelo campo de batalha. A estes, só lhes resta a vitória.
Precisamos lutar contra nossos temores. O medo é o nosso inimigo. O destemor que digo é com relação às intempéries e inoportunos da rotina de liderança.
Nesse momento devemos nos esvaziar de todo o medo e fazer aquilo que tem feito e já esta determinado por Deus. Um líder deve fazer das palavras do salmista as suas palavras – Salmos 118.6 – O Senhor esta comigo, não temerei o que possa fazer o homem.
Quando nos tememos e nos amedrontamos diante das circunstâncias e dos homens somos punidos por Deus – I João 4.18 – porque o medo traz consigo o juízo e o medroso não é aperfeiçoado por Deus.
Josué não temeu os atalaias das torres de Jericó; também não temeu os guerreiros dos carros de ferro da muralha interna, Josué foi destemido e as muralhas ruíram e o povo conquistou. Assim deve ser um líder: destemido como Josué
A ação determinada à reação - Josué 3.4 – Certa feita disse o erudito Reverendo Smoridin Frings: - Não existe povo fraco. Quando o povo se mostra fraco, o fator enfraquecedor resume-se em duas palavras: - fraca liderança.
A força de um povo é constatada pelas suas atitudes que, na verdade, são reflexos da ação do seu líder, ou seja, a ação do líder determina a reação de um povo. O fraco rei enfraquece a forte gente; o forte rei fortalece a fraca gente e esta é uma realidade bíblica; O povo de Israel foi dividido por causa da incapacidade governamental e administrativa de Roboão, filho de Salomão. Na época dos juizes, os midianitas subjugaram a Israel por sete anos, ate que se levantou um líder chamado Gideão que, com apenas 300 homens, venceu os incontáveis midianitas. E se prosseguirmos nesse prisma poderíamos aqui citar outros muitos exemplos de como a ação de um líder determina a reação de um povo.
Sempre quando surge uma nova oportunidade de liderança, os liderados se enchem de uma expectativa e aguardam primeiramente a ação do líder para então reagirem. Daí, se as ações do líder forem correspondentes às fraquezas, duvidas, inconsistências, dubialidades. Consequentemente, a reação do povo será negativa e antiprogressiva.
A ação infeliz de um líder desencadeara uma seqüência de reações infelizes e desastrosas. O povo é o reflexo do seu líder, a igreja tem as características do seu pastor e assim também em todos os seguimentos de liderança.
Mediante essa realidade incontestável, o líder deve se precaver e, quando dado o momento de agir, que o faça criteriosamente, com convicção e corajosamente. Procedendo assim, o povo reagira exemplar e positivamente e, subsequentemente, o progresso vira.
Entre os pastores da Palestina contava-se uma historia interessante e autodidatica.
Certo pastor de ovelhas, no seu pastoreio diário, cumpria uma rotina de caminhada e, nesta caminhada, no inicio da tarde, chegava com suas ovelhas ao pasto que considerava ele ser o melhor, um extenso gramado a beira de um raso e calmo rio.
Certo dia, ao analisar minuciosamente o comportamento do rebanho, percebeu que mesmo parecendo, ele não estava fazendo o melhor por suas ovelhas. Erguendo então os olhos, vislumbrou, alem do rio um pasto muito melhor e decidiu fazer as ovelhas atravessarem o rio a fim de alcançarem melhor pasto. Enfileirou-as e as instigava a atravessarem. Entretanto, a fila não andava, pois não havia ovelha que ousasse entrar nas correntes mansas e rasas do rio.
Então o pastor pensou e decidiu: - Vou colocar a mais robusta e saudável no inicio da fila. Assim, ao fazê-la atravessar, todas as outras a seguirão. Não adiantou o rebanho, não andou. Insistindo nisto varias vezes sem êxito, se irritou e disse consigo mesmo: Eu vou atravessar e quem quiser o melhor, me seguira!
As ovelhas o observaram atentamente, o pastor empunhou o cajado com firmeza, olhou fixamente a outra margem e entrou nas rasas e mansas águas do rio e para sua surpresa, nenhuma das ovelhas deixou de atravessar. Ate aquelas que ele julgava serem as mais fracas as seguiram e todas atravessaram e alcançaram o melhor pasto.
Se o líder quer que o povo faça, basta-lhe apenas dar o exemplo, agindo corretamente, pois a ação do líder determina a reação do povo.
Quando lemos o livro de Josué e sua trajetória de virtuosa liderança nos capítulos 3 e 4, na travessia do rio Jordão, nos compreendemos que as ações de Josué são determinantes.
Josué levantou de madrugada, foi com os sacerdotes o primeiro a pisar nas águas transbordantes do Jordão. Parou no meio do rio e, enquanto o povo a pés enxutos atravessava, Josué ordenou que dali de perto das plantas dos pés dos sacerdotes se tirassem doze pedras para com elas erigir um monumento para memorial.
Em toda a historia de Josué você não o encontra se lamentando, se lastimando, desanimado, cabisbaixo ou coisa parecida. Desde Êxodo 17; nos o vemos lutando e no final de sua carreira, o encontramos dizendo: - Eu e minha casa serviremos ao Senhor!
Os que desejam o episcopado e tantos quantos já o exercem cumprindo o santo ministério deve sempre, em todo o tempo, seguir os exemplos da Bíblia Sagrada, que sejam: submissos, obedientes, confiantes, varonis, destemidos.
Assim procedendo, o progresso e o sucesso serão sempre realidades na carreira que esta proposta.